O nome Diamantina é quase um anagrama de diamante.
A trezentos quilômetros da capital do estado de Minas Gerais, subindo até o fim da Estrada Real, Diamantina serviu bem para que todos os piores caçadores de esmeraldas, garimpeiros, exploradores de tesouros, lunáticos e bandidos cruéis fossem para a cidade como moscas vorazes – rápido e em enxames.
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Mas o fato é que na cidade foram encontradas pedras semipreciosas, preciosas de vários tipos, mas diamantes mesmo, bem poucos.
Graciosa cidade mineira do século 18, Diamantina já recebeu o bonito nome de Arraial do Tijuco.
É berço de nomes históricos como Chica da Silva, a famosa escrava que, sendo escolhida para ser esposa de um rico português, passou a ter vida de rainha.
É também lar de um dos presidentes mais queridos do Brasil, Juscelino Kubitschek.
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Diamantina foi jazida de minério de ferro, metais pesados e teve ouro também. Mas hoje suas maiores riquezas são seu povo encantador, o patrimônio histórico, as belezas naturais que incluem cachoeiras, serras, pedras gigantes, campos férteis e rios.
Como boa cidade mineira que é, Diamantina é cheia de ladeiras, muitas subidas íngremes, calçadas estreitas, ruas de calçamento antigo, de pedrinhas, paralelepípedos, e algumas estradinhas de terra aqui e ali, indo para pontos turísticos.
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Com menos de 50 mil habitantes, Diamantina começou a se formar aproximadamente em 1722, um pouco mais, quem sabe, e começou como povoado, que pela lógica da necessidade de água, nascia e crescia sempre seguindo as margens dos rios que eram garimpados.
A partir de 1730, ainda com uma população flutuante de trabalhadores, escravos e aventureiros, o Arraial do Tejuco, ou Tijuco, foi ganhando almas.
A expansão se deu dos agrupamentos de pequenos arraiais ao longo dos cursos d’água, indo em direção ao núcleo administrativo do Tejuco.
O crescimento foi formando o povoado de Diamantina, tendo como primeiras vias a Rua do Burgalhau, Rua Espírito Santo e Beco das Beatas.
Em 1938, o conjunto arquitetônico do Centro Histórico da cidade foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e, no final da década de 1990, veio o reconhecimento mundial: Diamantina recebe da Unesco o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.
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Para chegar lá, visitantes vindos do sul, de São Paulo e região acabam passando por Belo Horizonte, subindo pela BR 040, sentido Brasília.
Caso você faça este caminho, passando 23 Km após Paraopeba, pegue a BR 135 a direita até Curvelo (45kM).
Passe pela cidade de Curvelo e pegue a BR 259 sentido Gouveia e Diamantina. A rodovia neste trecho é bem conservada e sinalizada, mas cuidado com o grande número de curvas sinuosas.
Diamantina conta ainda com:
- uma infraestrutura de comércio e turismo muito bem formada, com guias experientes e certificados, que fizeram cursos para atender o turista e prestar primeiros-socorros
- trilhas sinalizadas
- treking
- caminhadas
- grupos de bicicletas para esportes radicais
- grutas
- cavernas
- cachoeiras
- rios com rafting e boia-cross
- estilo colonial
- turismo religioso
- casarões históricos
- muita cultura, com teatros, festivais e festividades religiosas durante todo o ano
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Entre as cachoeiras de Diamantina, algumas das mais famosas são:
- Sentinela, das Fadas, dos Cristais, da Toca e Três Quedas, que tem vertiginosos 70 metros de altura
- A queda do Piolho, de 40 metros de altura
- Moinho, caçulinha de ‘apenas’ 20 metros água abaixo.
Estas três, mais próximas do povoado de Milho Verde, pequena cidade próxima a Diamantina.
Na arquitetura da cidade, um ponto que chama muito a atenção é a passagem elevada da Casa da Glória. Um caminho que liga dois prédios, um do século 18, outro do século 19, que já foi o Colégio das Irmãs Vicentinas e que hoje é sede do Instituto Casa da Glória, da UFMG.
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Outro ponto para visitar é a Biblioteca Antônio Torres – Também conhecida como Casa do Muxarabiê, com seu acervo histórico de livros raros e documentos variados, de compra e venda de terrenos, de fundições de recolhimento de impostos como o quinto, vindo da extração de ouro.
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Há ainda o famoso Mercado Velho, construído em 1835, época em que era ponto de venda de mercadorias trazidas por tropeiros.
Hoje em dia é o Centro Cultural David Ribeiro e local da tradicional feira de artesanato, comidas, bebidas e hortifrutigranjeiros realizada aos sábados.
E claro, não tem como deixar de falar das casas dos famosos, como a Casa de Chica da Silva, que já foi até novela e a casa onde nasceu o ex-presidente Juscelino Kubitschek, ambas transformadas em museu.
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Local para comer não falta na cidade.
- Percorrendo as vielas e ruas maiores, a variedade começa na típica cozinha mineira do “O Garimpeiro – Pousada e Restaurante”
- Na Rua da Saudade, no centro, o Espaço B café, com pratos rápidos, café espresso e cachaças mineiras, tendo também livraria, fotografia e um pouco de artesanato
- Também no centro, no Beco da Tecla, e seguindo até os menos tradicionais, como muitas pizzarias e o Al Árabe, com a comida típica, mas das Arábias, na Praça do Prado, no centro.
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Para quem quiser ficar mais de um dia, afinal, há tanto a fazer e conhecer, as pousadas mais famosas são:
- A Pousada Vila do imperador, com a fachada iluminada por lampiões de gás e suas janelinhas feitas no estilo colonial. O Prédio é do século 19, então, se for para lá, imagine que famosas figuras históricas de Diamantina ou de fora dela podem ter passado por lá antes de você.
- A Pousada do Garimpo
- O Pouso da Chica
- A Pousada Diamond
- A Pousada Relíquias do Tempo.
Nesta última, a viagem na cápsula do tempo está garantida graças à mobília original, pasmem, dos séculos 18 e 19 e três pequenos museus – olha que legal! – um dedicado a Juscelino Kubitschek, outro sobre o garimpo na região e o terceiro sobre festas religiosas e típicas de Diamantina.
Uma gulodice desta casa é o desjejum da manhã, que remete ao das fazendas, cheio, farto, despreocupado e gostoso, com o café servido bem quente e forte, tudo feito em fogão de lenha.
Deu fome? Procure na Rua Macau de Baixo.
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Outras atrações muito legais de se ver em Diamantina são as quatro obras do mais famoso arquiteto do Brasil, Oscar Niemeyer.
Na foto, vemos a Escola Estadual Professora Júlia Kubitschek, projetada no começo dos anos 1950.
Vai ver foi por isso que o presidente Juscelino escolheu o Niemeyer para desenhar Brasília. Brincadeira, eu sei que foi por concurso.
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E o turismo religioso, que pode contar com a igreja de Santo Antônio, a Capela Imperial do Amparo, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, e como estamos perto da Bahia, Diamantina tem também uma igreja dedicada a Nosso Senhor do Bonfim.
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E para encerrar, saindo um pouco da cidade, tem a Vila de Biribiri, no caminho das cachoeiras e a treze quilômetros de Diamantina. é uma pequena vila operária que nasceu com a construção de uma fábrica de tecidos.
Hoje está bem servida de bares, tem suas charmosas casinhas de época, capela, ruas sem asfalto e já foi até cenário de filme. Os moradores lembram bem desse ‘causo’ e o contam com orgulho a todos os visitantes.
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Biribiri teve como seu proprietário Alexandre Mascarenhas, o ‘Grande Tecelão’.
Visite Diamantina você também. E se encontrar, traga um diamante para mim, ok?
Boa viagem!